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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Primeiras impressões

Chego eu, ao país onde nasci, transportando a minha vida em 38 míseros kgs. Trago na mala uma curiosidade encantada. O aeroporto está cheio de gente, o dia está cinzento e a cidade poeirenta. De Luanda só reconheço as histórias recentes que insistentemente quiseram contar-me antes de viajar: muita confusão, trânsito caótico e calor, muito calor! As imagens saudosistas dos livros com fotografias dos anos 60, as palmeiras na marginal, a representação idílica da cidade azul ficam longe das primeiras impressões. 

Não consigo perceber se o primeiro impacto foi bom ou mau. Como acredito que as expectativas geram parte das primeiras impressões, creio que quis que não fosse mau. Reservei a Luanda o direito a uma segunda opinião, a formar quando voltar de visita, sem o cansaço da viagem de 7 horas no lugar do meio da última fila de um avião cheio. 

A cidade fervilha. Prédios novos e velhos erguem-se no céu numa confusão tal que dificulta atender ao pormenor. Cruzo a Escola Juventude em Luta, que conhecia dos livros de Ondaki, e sorriu.  Passo por muitos varredores que varrem a poeira da estrada num aprumo tal que contrasta com o lixo que se acumula em valas ao longo da cidade. No caminho ruidoso passo pela Sagrada Família e por vendedores, muitos vendedores de ruaP. 

                                      Sagrada Família, Luanda. Foto de: Vi (com a data errada)

Os vendedores de rua correm perigosamente entre os carros a vender sumos, águas, pastilhas e as coisas mais inusitadas: espelhos de casa de banho, escadotes, arroz, tachos, fita cola, iogurtes, sacos de pão. A maioria transporta a mercadoria na cabeça e vendem de tudo um pouco. É como se as pessoas vivessem dentro dos carros numa cidade em que alguém vai às compras por nós. Chama-se "zunga", soube no mesmo dia. 

                                     Zunga, Angola. Foto de: http://globalvoicesonline.org/

 2 de Setembro de 2010
 Chegada a Luanda

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